Tudo o que vale a pena não está aqui.



Ameaça


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Cindindo o crânio, o clarão
irrompe na viagem, em cada viagem

entre coração e margem.

Repete-se, imagem desaparecendo;

a língua no côncavo do lábio
ainda que seja cinza, arde.
Uma vez mais, a mesma viagem,
os tendões esticados -

rompem a pele - e podemos não pensar
a metáfora; concordamos
numa coisa, a presença
da luz no nosso corpo

é a ameaça que resta.
Em fundo, o dia estende os seus dedos,
ignoramos o preciso momento
em que esquecemos. Sobrevivemos.

Imagina o galope do cavalo,
sabes que não podes cercá-lo;
é como um vento invadindo a casa,
és os seus membros fortes, retesados.

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