A aprendizagem das árvores, sentir o seu sopro
No inverno, é a mais sábia das artes.
É sempre, nas cidades, que se aprende a duvidar
Da permanência da pedra. Há um movimento sólido
Que se desenha nos percursos que os jardins inscrevem
No mapa urbano, um vaivém de animais e plantas
Que atravessa o caminho de quem tem por hábito
Perder-se no gelo das ruas.
Não se permite o assombro porque conhece
De coração os labirintos que os canteiros
Severamente cultivados por homens
Procurando recolher a solidão vão semeando na terra.
Uma extensa cicatriz respirando de travessia em travessia,
Entre os passeios e os trajectos circulares dos caminhantes.
A folhagem abrindo as cúpulas à lâmina do inverno
Deixa-se invadir pela água. Tronco e seiva. Limpidez sem detritos,
A pedra e o cimento depois da chuvada, um corpo
De granito e mármore libertando o vapor da vida.
Ela não se perde dentro dos seus próprios cruzamentos.
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