Em tempos quis ser arqueólogo,
enfrentar a dureza das pedras
e recolher na terra indícios
de um tempo irrecuperável.
Nada mais do que contar uma história;
a partir dos momentos que as mãos seguravam
reconstituir a vida de outra gente,
os movimentos não inscritos no passado.
Uma narrativa de maravilha
que rapidamente se tornaria
uma viagem circular,
repetição de dias, rituais de cada estação,
e a mesma velha porta à qual não se pode
aceder. As pedras na mão, sujando de outro tempo
a pele e os ossos, desfilam a narrativa esperada:
nuvens carregadas no horizonte, homens recolhidos no medo,
deus oculto na sombra dos homens; e o fogo
revelando a margem entre luz e sombra.
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