Tudo o que vale a pena não está aqui.



O trabalho dos dias


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Molhámos, na fonte das lágrimas onde nunca pus os pés,
As mãos, os olhos, a verdade, e as trevas,
As roupas velhas e o rosto gasto pelas marés,
Palavras que pedimos ao balcão da vida,
Possibilidades infindas na viagem que nos espera,
Cavalos que esperam ser domados, folhas quentes
Repousando no fundo da chávena. O futuro –
Onde a água perde a sua cor, o desejo atraiçoa-nos.

Era uma vez em Março, e ainda fazia frio.
O rumor dos passos envolvendo em braços breves
A voz dos pássaros e a canção que a fonte desfiava.
O fio dos salgueiros sobre o rio e o seu canto abatido,
O cheiro do lodo - na pele que assentava na pele,
Atiçava a vontade de morder, peito aberto.
Quando o frio abandonava os campos as mãos perdiam o
Seu rumo. Inútil procurar, pensávamos, outro amor
Que não possuísse a instabilidade do rio, sua incerteza.

Uma vez mais entramos na orla das árvores.
Esqueço o que vejo, a magra memória das imagens.
O súbito esquecimento,
O furor dos dias que assola o mundo noutro mundo.
Agora não estou já contigo, e o eco dos nossos passos
Deixou de soar na paisagem aberta.
Trago fotografias que espero deitar fora.
Não as queria trazer, porque Março irá passar;
A meu lado, o espaço
Em branco do teu corpo, a palavra riscada do caderno.

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